Ainda era cedo quando ele me ligou: uma voz trêmula, exitante. Disse que precisávamos nos ver.
Nos encontramos às 18:00, no parque. Seus olhos tinham uma cor diferente, um amarelado pálido. Nos olhamos de longe e nos aproximamos com cautela. Seus olhos encheram d'água e senti um aperto no peito.
A noite seria longa.
Estendemos um lençol sobre a grama e nos sentamos. Abrimos um vinho, jogamos conversa fora. Senti seus olhos vagos, como se procurassem uma brecha para voltarem a ficar sérios, como se quisessem gritar, mas estivessem sendo amordaçados.
Pôs as mãos em meu rosto, me olhou nos olhos. Ficamos alí por um instante, como se o mundo tivesse parado para nós. Olhos nos olhos, sentindo cada um o amor e a tristeza que vinha do outro. Sabíamos que teria de acontecer e que logo, logo aquilo ia matá-lo. Mas fingíamos esquecer.
Sorrimos um para o outro e nos beijamos. Foi calmo e sincero, ardente e apaixonado. Ficamos lá a noite toda. Deitados na grama sob a estrelas, falando e fazendo o amor que nos unia.
Foi alí, deitada em seu peito, aquecida por seu calor, que ouvi seu último suspiro.
Foi alí que selamos o nosso eterno amor, e o forçado fim da nossa paixão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário