quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"Eu abro no fecho"

Senti um aperto no meu peito. E, de repente, não mais sereno, nem mais sincero, vi um olhar pobre de amor, pobre de carinho olhar em minha direção e... Desaparecer. Vi um amor antes infindo, antes companheiro, antes tão real se desfazer em seu coração e permanecer intacto no meu. Vi o fim da estrada para mim, enquanto o vi seguir em uma nova direção. Será que eu esqueci que as portas se abrem? Ou deixei as chaves caídas no caminho?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A última noite

Ainda era cedo quando ele me ligou: uma voz trêmula, exitante. Disse que precisávamos nos ver.
Nos encontramos às 18:00, no parque. Seus olhos tinham uma cor diferente, um amarelado pálido. Nos olhamos de longe e nos aproximamos com cautela. Seus olhos encheram d'água e senti um aperto no peito.
A noite seria longa.
Estendemos um lençol sobre a grama e nos sentamos. Abrimos um vinho, jogamos conversa fora. Senti seus olhos vagos, como se procurassem uma brecha para voltarem a ficar sérios, como se quisessem gritar, mas estivessem sendo amordaçados.
Pôs as mãos em meu rosto, me olhou nos olhos. Ficamos alí por um instante, como se o mundo tivesse parado para nós. Olhos nos olhos, sentindo cada um o amor e a tristeza que vinha do outro. Sabíamos que teria de acontecer e que logo, logo aquilo ia matá-lo. Mas fingíamos esquecer.
Sorrimos um para o outro e nos beijamos. Foi calmo e sincero, ardente e apaixonado. Ficamos lá a noite toda. Deitados na grama sob a estrelas, falando e fazendo o amor que nos unia.
Foi alí, deitada em seu peito, aquecida por seu calor, que ouvi seu último suspiro.

Foi alí que selamos o nosso eterno amor, e o forçado fim da nossa paixão.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A esperar

Já faz um tempo que eu sou a mesma
e que o relógio não roda por aqui.
O mundo já parou de girar faz tempo, meu bem
E eu ainda continuo no meu lugar de origem,
aonde nos vimos pela última vez.

Tô sentada nesse banco de praça
esperando o sol se pôr
e vendo meu relógio quebrado ir e vir
um segundo a mais, um a menos...

Sentindo o frio que o sereno vem trazendo,
eu faço do tempo o meu melhor amigo.
Leio um livro
e logo, logo a noite vai cair...

Ah, meu bem
não vamos fingir que não sabemos
o fim dessa história.
Ora lá,
o mundo uma hora volta a girar
e aí eu vou estar bem aqui
e você também.

Nesse banco de praça,
como um casal de cinema.
Com meu relógio que o tempo não passa,
nem para.
Pra gente se enganar um pouco de novo,
até que o mundo pare novamente
e vão todos girar sozinhos,
enquanto eu fico aqui nesse banco,
vendo meu relógio ir e vir,
sentindo o sereno de cada noite,
sendo a mesma a cada hora,
a esperar o começo da nossa história mais uma vez.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

De flor em flor

Hoje vi um beija-flor que voava de flor em flor. Era pequeno, o pobrezinho, dentro daquele grande jardim. Havia flores nas quais ele se escondia, mas mesmo assim era cheio de graça. Muito colorido, ele, diferente de todos que já vi. Suas asas cintilavam o brilho do sol, que ardia forte no céu. Ausente de qualquer barulho que pudesse vir, fiquei fascinada com o pequeno bichinho. Não pude ter certeza, mas penso que ele caberia na minha mão, se possível. Voava graciosamente, rodopiava como uma bailarina no céu. Era suave como a brisa que vinha de quando em quando. Sentada na grama, não podia ver ou ouvir mais nada além daquele pequenino bichinho. Não há nada melhor do que se encantar de manhã cedo com algo tão natural. Eu sorri. Pois tinha certeza que dali em diante, nada estragaria meu dia: me apaixonara por um beija-flor antes mesmo de abrir os olhos.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Quero

"Quero que todos os dias do ano,
todos os dias da vida,
de meia em meia hora,
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.


Ouvindo-te dizer "Eu te amo",
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas, que me amas, que me amas.
Do contrário, evapora-se a amação,
pois ao não dizer "Eu te amo",
desmentes,
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra.
Nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor."


(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Como quiser

Ah, vai
brinca de amar.
Tira e põe
assim sem questionar.

Vem, me faz amar alguém.
Me faz pensar no bem
sem ter que pensar a quem.

Ah, vai
vamos fazer disso uma perseguição
brincar de cão e gato
sem pensar no coração!

Ah, vai
vamos deixar acontecer.
O que vier, virá
ainda sem o amanhecer.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Querido coração,

hoje um novo sol apareceu para radiar meu dia.

Me cansei daquelas tardes monótonas nas quais lhe torturava com meus sentimentos e decidi me trazer um novo amor.

Seu nome é Saudade.

Bate em minha porta todas as manhãs, como quem não quer nada. Está sempre por perto, mas nem sempre presente. Vem e vai assim que dá vontade.

Ela é traiçoeira às vezes, eu assumo.
Mas me conforta sempre que preciso... Me traz boas lembranças.

Anda sendo uma ótima companheira para os momentos de solidão, que são quase todos.
Ela me faz entender coisas que antes não tinham sentido.

Boba, essa Saudade, que não me faz sofrer e nem me faz feliz!
Não sei se ela vai durar muito.
Mas enquanto ela fica por aqui, vamos ver no que vai dar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Letras de sangue

Recebi uma carta
escrita em vermelho, amor.

Nela palavras soavam com graça
o sentimento que rodeava
a minha cabeça, amor.

Mas nada daquilo era real,
nada daquilo era pra você.

Fechei meu mundo,
me perdi por ti.

Qualquer letra pontilhada
que vasasse em lágrimas
um sentimento teu
não chegaria aos pés
do sofrimento que tive
por receber uma carta,
escrita em vermelho,
que não eras tua, amor.

sábado, 19 de junho de 2010

Fora do comum

Sempre fui boa com as palavras.
Sempre fui boa para escrever o que sinto, o que penso, o que quero dizer.
Sempre fui boa para me expressar.

Mas dessa vez eu não encontro palavras pra me definir. Não sei se vazio, escuro e só seria o certo, ou se está tudo tão colorido que não sei explicar. Não sei se o que explode dentro de mim é confusão ou é simples calmaria.

Não sei dizer se eu quero amor ou se eu quero estar sozinha. Não sei mais andar por mim mesma e não tenho mais chão algum.

Não sei se quero ver o céu ou se quero ver a chuva cair. Não sei se eu quero me sentir viva ou quero ver o mundo acabar.

Não sei se quero que saibam quem sou e que pensem no que vou fazer.

Eu sei que eu não quero que ninguém espere mais nada de mim, que eu ando surpreendendo nem a mim mesma. Não quero preconceitos e nem ao menos conceitos.

Eu quero deixar que aconteça, pois agora sim, mais do que qualquer outra vez, eu me sinto perdida. Pois além de perdida do mundo, eu estou perdida de mim mesma.

domingo, 30 de maio de 2010

Algumas velas na cabeceira

Era uma típica noite de quarta-feira. Voltou do trabalho tarde, cumprimentou o porteiro e subiu as escadas até o quinto andar. Abriu a porta, escarrou no canto da parede, largou seu terno em cima da mesa e jogou-se no sofá.

Tinha sido um daqueles dias em que ele não pensava em mais nada além de sua cama o dia todo. E, quando chegava em casa, não recuperava forças para chegar até o quarto. Ficava parado alí, na sala.

Suas mãos estavam sujas, suas costas pesadas. Havia passado o dia fazendo tratos e fechando negócios. Mas pior que sua mão ou suas costas, a sua alma estava estraçalhada. Se é que ele podia chamar aquilo de alma.

Pôs a água da banheira da suíte para esquentar enquanto ia atrás uns pedaços velhos de carne que tinha na geladeira. Não foi capaz de comê-los; seria abusar da própria consciência. Fritou alguns ovos e botou-os para dentro.
Colocou mais uma vela na coleção que havia ao lado da janela. Acendeu-a com as mãos no peito, o coração apertado, mas manteu-se firme.

Andou pelos corredores do seu apartamento 4 quartos, no qual moravam apenas ele e algumas outras almas vagabundas.
Pôs o relógio ao lado da banheira, abriu a janela, e deitou-se na água fervendo - sabor de eucalipto.
Olhou no relógio: 23:43. Estava chegando. Fechou seus olhos, esperou sua hora.


23:45. Foi certeiro. O tiro pousou exatamente na cabeça do sujeito. Alguns vizinhos se desesperaram. Mas ele não. Não foi em paz, mas sabia que era justo. Foi sabendo muito bem que pra onde ele iria provavelmente não encontraria nenhuma sequer daquelas velas acesas ao lado de sua cama. Deixou-se ir, sabendo que era o certo a se fazer.
Foi obrigado a deixar seu corpo, assim como já havia obrigado outros bocados e deixá-los também.

sábado, 29 de maio de 2010

Uma paixão

É o frio na barriga
que vem de tempo em tempo.
Que me deixa sem ar,
me deixa boba.

É o lance do "vai-não-vai",
são as perguntas sem resposta.
São as ligações inesperadas,
as cartas de desculpa.

São as brigas,
as conciliações.
São as descobertas,
as novas sensações.

É tudo que muda,
que ajuda,
que desnuda.

É a pureza do sentimento,
é a inocência do sorriso.
É o aconchego do abraço,
o carinho do beijo.

São os tratos,
os maus-tratos,
os estratos.

É tudo que atrapalha,
e que depois se acerta.
É tudo que transforma a vida em paraíso.

É tudo que se aceita.
É tudo que se quer.

É o amor que se tem
e que se perde.
Mas é o amor que nunca se esquece.

Descobrindo novos conceitos

Estava me lembrando da minha infância um dia desses. Lembrei-me de quando eu ia pra casa da minha vó e chovia.... Parecia sinal de escola: todas as crianças estavam em baixo do bloco imediatamente. A gente escorregava na beirada do piso e o mais legal era chegar antes de o porteiro começar a limpar. Depois que a gente era expulso, a gente ia pra chuva mesmo, brincar na grama, com bolas, arminhas de água...

Bem, nesse mesmo dia em que me lembrei disso, choveu. E eu fui pra casa dos meus primos. Quando eu cheguei lá, senti um tremendo desconforto: cada um estava em um cômodo diferente da casa. Meu tio estava vendo televisão na sala. Minha tia, pintando a unha no quarto. E meus primos estavam no computador.
Senti um arrepio ao ver aquilo. Já estava achando estranho não ter nenhuma criança brincando na rua àquela hora e, quando subo, me deparo com as minhas crianças de frente a um computador.
Não pude fazer nada. Quando dei a ideia de descer pra brincar, fui totalmente repirimida - me senti a criança daquele quarto. Me olharam com total cara de desprezo e falaram que não podiam brincar na chuva, que iriam se molhar e adoecer.

Fiquei chocada e quando cheguei em casa só pensava naquilo. Fiquei pensando se era isso que eles faziam todos os dias: computador. Se era aquela a interação que eles diziam familiar ou se era normal tudo aquilo e eu era a errada na história. Mas depois de pensar muito, eu vi que eu estava certa. Que aquilo não era normal. Que não era tampouco saudável deixar uma criança trancafiada dentro de casa. Pior: não era saudável a própria criança querer ficar dentro de casa.

Acho que o mundo está cheio de "novos conceitos" e eu esqueci de me atualizar. Acho que hoje em dia a diversão da juventude não é o que eu chamava de diversão. Não se vêem mais famílias reunidas aos domingos, crianças brincando de bola nas ruas, jogando confete nos carnavais.

O conceito de diversão agora é ficar em casa jogando video game. É manter a sua roupa e cabelo impecavelmente limpos e arrumados, e não ver mais graças nas antigas brincadeiras de roda. É ouvir funk e ir à festas Disco.

Não consigo ver como serão os jovens do futuro. Todos tão preocupados com o mundo que deixaremos para os nossos filhos... Eu estou mais preocupada com os filhos que deixaremos para o mundo.

Tenho medo da falta de informação, da falta de conteúdo, da falta de humildade e compaixão que nascerá dentro dessas pobres crianças. Queria ser capaz de mudar tudo isso. Queria colocar o mundo dentro de cada um dos nossos futuros cidadãos

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um pouco de Chico...

"Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão

Apesar de você
amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro

Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria

Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença

E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa
Apesar de você

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia

Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você"

(Chico Buarque)

Ultramundano

Sinto uma desesperada decepção ao olhar para o lado.
Sinto-me triste por ver que a cada dia o mundo se torna mais medíocre, e a cada dia o conceito de "mundano" vira um mau adjetivo.
Sinto-me triste porque as pessoas não se importam - ou não demonstram se importar.
Cansei de ver o lixo não que a população faz, mas que a população é.

Me cansei de escutar que o atual governador de Brasília é o Arruda, que as eleições para presidente do ano passado foram ótimas e que dá-lhe Lula por mais quatro anos! Cansei de ouvir que o Bush era um ótimo presidente e que não há nada de errado na política americana (mas que ótimo país!).

Cansei de ouvir o descaro de quem chora por bobagens, de quem se lamenta por futilidades. De quem não consegue ser humilde nem ao menos na hora de sofrer.
Cansei de ver o ócio mental que preenche o que alguns gostariam de chamar "mente". Eu chamo de consciência - ou falta dela.

Queria acordar o mundo, um por um; queria que olhassem pro lado. Queria que não tivessem em mãos não apenas seus Ipod's, Ipad's, Itouch's, mas suas camas, seus pratos, seus cobertores. Queria que acabasse para eles o que eles gostam de apelidar "encostos".
Queria que se vissem sem seus pais, seus irmãos e avós, pois morreram todos. Foram assinados pela sociedade.

Gostaria de ver os hipócritas sofrendo com suas próprias mentiras. De vê-los sem norte, sem ter a quem enganar.
Um mundo cheio de alienados, é o que temos! Um mundo cheio de porcarias, um mundo no qual não há HUMANIZAÇÃO.
Um mundo no qual você olha para um lado da rua, e vê gente comendo lixo.
No outro, tem um McLanche Feliz sendo jogado fora - o que importa é o brinquedinho.

Eu me sinto envergonhada por viver em um mundo assim.
Em um mundo que todos são iguais, que todos pensam igual.
E que as únicas diferenças que existem sentenciam a sua morte.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

De volta para mim

Eu queria ter forças para enfrentar o que sinto, para lidar com as minhas confusões internas. Cansei de me tornar uma contradição para mim mesma, de ser um problema a mais para resolver.
Não tenho ânimo, não tenho fôlego.
Essa dor que me tira o ar e me causa tal desespero se desacomodou. Saiu do seu ponto de equilíbrio e está me tornando uma balança desregulada.
Quero me livrar disso, quero me livrar de mim.
Quero tirar daqui tudo que sou,
e voltar a ser quem eu costumava ser.

domingo, 9 de maio de 2010

Caindo em um abismo do meu próprio eu

Estou à beira de um abismo.
De um abismo de sofrimento e dor.
Me afundo cada vez mais, e mais, e mais...

Estou à beira da loucura,
beirando o desespero.

Me sinto um nada.
Me sinto apenas o resto.

Me vejo como um espelho: eu sou só reflexo.
Sou só o que vem depois.
O que bate e volta sem vida.

Vejo só o escuro.
E ele não para de me perseguir.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O silêncio

O silêncio é o abrigo dos desalmados.
O encosto dos inconformados.

O silêncio é a calma do momento,
o distúrbio dos revoltados.

É o desalento de quem tenta.
É o choro de quem sente.

O silêncio não é só um estado.

O silêncio é desabafo,
o silêncio é transparente.
O silêncio é pra quem não fala, mas sente.

O silêncio é um adorno dos desinformados.

O silêncio é o mais alto dos gritos.
É um grito calado,
e um grito sofrido.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Meio

Quando eu penso em você eu deixo cair um pouco de mim.
Cai um pouco de mim e de tudo o que eu sou... Vou me perdendo aos poucos.

Não quero ir perdendo minha alma e virar, pouco a pouco, um meio termo do que sou. Não quero ser uma flor sem fragrância, um céu cinza, um coração que só bate, mas não sente.

Deixar você comigo me trona um meio-monstro.
Tirar você de mim me torna um meio-alguém.

Não sei o que faço.
Só sei que estou me perdendo.


Consigo ver o meu meio-fim.
O fim da minha alma, o resto do meu corpo.

Me casei

Eu me casei com a solidão.
Foi um casamento arranjado, eu não tive escolhas.

Entrei de branco no altar e ainda sorri para todos os -três- convidados: a tristeza, a saudade e a morte. Me desejaram felicidade; mas ela não pôde vir - e parece que não vai aparecer tão cedo no meu novo apê.

A tristeza e a saudade estão, sim, sempre presentes. Já a morte, diz que vai aparecer logo. Eu sinto que vai mesmo... Mas ela vem tão devagar. Está se aproximando tão lentamente que se ela não vier logo, vai chegar atrasada para cumprir sua missão.

Mas ando bem. Digo, dentro das possibilidades.
Meu casamento arranjado não está sendo um total fiasco. Estou lidando bem com a situação. Acho que logo, logo vou conseguir amar.

domingo, 18 de abril de 2010

"And who's chasing you? Nobody! Got it?!"

É difícil assumir que, bem... Não foi você.
As vezes a gente até consegue ver, mas assumir é sempre um passo que machuca... Muito.

Eu já consegui parar de pensar nisso toda hora. Mas assim que isso vem à minha cabeça, eu tenho vontade de morrer. Morrer.


Eu vou conseguir esquecer por completo, um dia.
E até lá, eu vivo com o meu desespero.

Viver sem chão não pode ser tão ruim.
Afinal, quem não gosta de voar?

"I'm still your best friend, you just haven't seen me in a while"

Eu ainda sou a mesma.
Mesmas ideologias, mesmos sentimentos, mesmas brincadeiras.
Só não ando tendo as mesmas atitudes "legais" que costumava ter.

Cansei de ser boa demais e receber pouco por isso.

Aprendi a ter um maior respeito próprio. Aprendi a me ver como ser humano, também.

Não vou esquentar a minha cabeça (por incrível que pareça) e, se você se incomodar, me desculpe; eu não vou mudar. Não sou 24/7 de ninguém, e nem pretendo ser.

Não me entenda mal. Meus sentimentos não mudaram; você ainda é tão importante como sempre foi.
Você só não me vê há um tempo.

sábado, 17 de abril de 2010

10 Things I Hate About You

"I hate the way you talk to me, and the way you cut your hair. I hate the way you drive my car. I hate it when you stare. I hate your big dumb combat boots, and the way you read my mind. I hate you so much it makes me sick; it even makes me rhyme. I hate the way you're always right. I hate it when you lie. I hate it when you make me laugh, even worse when you make me cry. I hate it when you're not around, and the fact that you didn't call. But mostly I hate the way I don't hate you. Not even close, not even a little bit, not even at all."


Quando isso vai passar?

"If you're a bird, I'm a bird"

Eu acredito que, quando você está com alguém, não importa como, pode ser família, amigo, namorado, você tem que se entregar.
Todos os tipos de relações giram em torno de dar e receber, enfrentar e ceder. Tudo no seu devido momento.

Não adianta vir querendo "controlar a situação", ou então fingir que não se importa.
Você tem que se importar.


O importante é você pensar que você quer estar com aquela pessoa.
E se ela é um pássaro, você também é um pássaro.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Procuro minha alma

Ela se perdeu.

Não sinto um vazio. Não sinto nada.
Nada.

Ando tendo atitudes desumanas. Não me incomoda - pois não sinto nada - mas me assusta.

Preciso da minha alma.
Quero voltar a ser alguém.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Um adendo

Não sei se quero ser feliz.
Ou vou viver num ócio sem nenhum passa-tempo... O meu sofrimento me ensina a escrever.


Ou sofro, ou não escrevo mais.

Pequenos pensamentos vindos do "Pequeno Príncipe"

As pessoas costumam dizer que não gostam dos fins. Eu não.
Não diria que eu fico exatamente feliz, mas... As coisas são boas enquanto duram. E duram o necessário.
A nossa dificuldade pra entender é que queremos ostentar, e não ter. Por que nunca ficamos felizes com o que precisamos? "Só se vê bem com o coração"; e o meu coração nunca quis em excesso.

Acho que o maior dos nossos problemas, além da necessidade de esbanjar, é achar que o fim é uma parede; que as coisas dali não passam. "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"; eternamente.
Um pouquinho de cada um que passa por você, fica. E por mais que o fim tenha sido doloroso, assim que a raiva passar, o que fica é bom. Sempre existem boas histórias pra contar. E sempre existirá um restinho da pessoa com você.

Então eu peço, para que existam os finais felizes:
Guarda um pouco de todos - não de cada um, mas de todos - nós com você, pra não deixar que as nossas histórias se percam.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Presa; ou não

Vou esperar que o tempo passe,
para não dizer que não tentei.
Vou esperar que a lua vire,
para não escutar "Eu avisei".

Eu sei que não vai ser o tempo,
nem as estações.
Não foi só mais uma brincadeira,
não foi só mais uma de minhas paixões.

Pode durar um ano,
um dia,
ou um mês.
Pode duarar a eternidade,
que eu ainda vou falar com orgulho:
o meu amor não tem idade.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Uma pequena mudança de planos

Costumo dizer que é melhor se arrepender do que fez a se arrepender do que não fez.
Bem... Pequena mudança de planos.

É certo que de todas as coisas que já me arrependi na minha vida, verdadeiramente me arrependi do feito, e não de ter feito. Penso sempre que pelo menos tentei, certo?

Mas e quando a razão vai acima da vontade? E quando você tem que pensar com o coração?

Dessa vez, eu não posso; não consigo. Fazer o que quero vai me causar um arrependimento além do comum. Vai me causar uma dor insuportável. Vai me tornar a maior hipócrita de todos os tempos.

Dessa vez, eu vou ter que ficar na vontade...
Me desculpe, mas dessa vez eu não vou me arrepender.

terça-feira, 30 de março de 2010

Para lembrar

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro." (Clarice Lispector)

Perdida

Hoje me deu saudade do seu sorriso.
Só do seu sorriso.

Não sei porque, mas sentir falta do seu sorriso sem ao menos associá-lo a você me alegrou. Me fez sorrir. Finalmente, eu pude sorrir ao lembrar de você.

Não quero mais ter você como eu tinha antes. Agora eu só queria estar com você, de qualquer maneira. Queria apenas estar com você.

Volta? Me traz de volta pra mim. Cansei de me perder.

Uma conclusão:

É fácil ver.
Difícil mesmo é enxergar.

sexta-feira, 26 de março de 2010

"Fez-se mar"

Fez-se mar.

E veio em mim a paz.
E veio em mim a calma.
E veio em mim amor.

E naquela imensidão tão serena
caiu dos meus olhos
um pouco de mim.

Era agora meu.
Azul, sem fim, e meu.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Pra falar de amor

Encontrei nos seus braços o meu melhor leito. Achei no seu perfume a melhor fragância que pude já sentir. Vi nos seus olhos a mais profunda calma. Ouvi de suas frases - vindo da mais bonita boca - as mais serenas palavras. Fiz de você sentimento. Achei em você o melhor de mim. Fui finalmente completa.

Foi perfeito. Indescritível. E acabou.

Deixou em mim um buraco, que dele ainda não encontrei o fundo. Sobrou em mim um milhão de sentimentos vazios. Sobrou pouco de mim; eu era pra você, por você, você.

Não me peça pra te esquecer. Não assim tão fácil. Ainda vejo em qualquer caminhar a sua serenidade, o seu aconchego, a sua calma. Faço das lembranças a minha droga. Em doses omeopáticas, para demorar a acabar.

Não me canso de fingir que lhe sinto, de fingir que ainda tenho você.

Siga seu caminho, seja feliz.

E quanto a mim? Eu espero. Ainda tenho uma vida inteira pra tentar me reencontrar.

quarta-feira, 10 de março de 2010

"Eu só aceito a condição de ter você só pra mim!"

Não aceito ninguém pela metade.
Não quero meio carinho,
não quero meia atenção,
não quero meio amor.

Não quero ser um meio-alguém.

Eu quero você só pra mim!

Seco

Quero o inverno,
quero o verão.
Quero um abraço,
quero aconchego.

Eu quero paz.

Quero amor,
quero amar.
Quero sentir,
eu quero ser.

Até a solidão,
minha eterna companheira,
me deixou de lado.

Sou resto,
sou seca,
sou pó,
sou só.